
Parceiro do LaMCAD, o CEMPA-Cerrado, irá desenvolver aplicativo para aproximar a população das previsões climáticas
Através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, Cempa-Cerrado deve ganhar em breve um aplicativo para acesso a informações meteorológicas de alta precisão.
Saulo Ribeiro Freitas explica que a proposta do CEMPA é identificar as condições climáticas de uma determinada região.
Um importante passo foi dado nesta quarta-feira (12) para a consolidação do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (CEMPA Cerrado). Ao receber técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), à frente da iniciativa ao lado da Universidade Federal de Goiás (UFG), o titular da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), José Frederico Lyra Netto, anunciou o empenho da pasta para desenvolver um aplicativo destinado a aproximar a população das previsões climáticas de alta precisão geradas em Goiás.
No início do mês, o titular da SECTI, ao lado da reitora da UFG, Angelita Lima e de outros representantes da instituição universitária, visitaram a sede do INPE em São José dos Campos (SP), com o objetivo de discutir a relação tripartite para o pleno funcionamento do CEMPA. Foi uma retribuição à visita que o diretor geral do INPE, Clézio Marcos de Nardim, fez a Goiás há um ano também para debater o assunto. “Nesse encontro foi delineado o modelo de gestão do CEMPA: será um laboratório vinculado à UFG, mas a direção vai contar também com o INPE e o Governo de Goiás”, explica o vice-reitor Jesiel Freitas de Carvalho, que integrou a comitiva.
O CEMPA, idealizado pelo chefe da Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre do INPE, Saulo Ribeiro de Freitas, e pela pesquisadora Karla Longo, ambos goianos, egressos da UFG e com várias passagens pela Nasa, agência espacial norte-americana, está ancorado na instituição há mais de dois anos. Nesse período, com recursos obtidos junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e emendas parlamentares, adquiriu um conjunto de computadores de alto desempenho e vem gerando produtos. Além de uma base de dados meteorológicos que abrange um período de dez anos - 2010-2020 -, criou uma grade computacional de previsão climática de dez dias, envolvendo todo o território goiano e parte dos estados fronteiriços. As informações estão acessíveis através do site cempa.ufg.br.
É o que Saulo Freitas, físico ambiental, chama de metereologia de precisão. São informações detalhadas a cada 5 km que podem ajudar o agronegócio. O diretor do INPE explica que os modelos mundiais que fazem previsões meteorológicas funcionam como uma máquina fotográfica. “O pixel desses modelos é da ordem de 20 por 20 km. É muito grosseiro para uma informação para a agricultura ou para a poluição do ar. O que buscamos é um pixel com maior resolução, com amplo detalhamento. A proposta do CEMPA é fazer esse refinamento para identificar melhor as condições climáticas de uma determinada região".
O titular da SECTI exaltou a importância do CEMPA. “Estamos construindo um plano de ciência para o estado e o CEMPA é uma prioridade. Ele vai oferecer previsões com maior precisão, importante tanto para a agricultura quanto para as áreas urbanas, em razão de eventos extremos. É um centro de altíssimo nível para fazer ciência de ponta e também para formar capital humano”, disse José Frederico ao POPULAR. A SECTI pretende convocar algumas start ups e apresentar o desafio do aplicativo, que será desenvolvido juntamente com as equipes da pasta e do CEMPA. A SECTI estuda ainda uma aproximação da Escola do Futuro, que une formação técnica com tecnologia, do centro de excelência de previsões climáticas.
Mais recursos
A expectativa é que até meados do ano o CEMPA seja formalizado como um laboratório da UFG. Segundo o vice-reitor Jesiel Carvalho, o Conselho Universitário da instituição precisa emitir resolução nesse sentido para consolidar o modelo operacional compartilhado com o INPE e o Governo de Goiás. O INPE, que assinou um protocolo de intenções em 2021 com a UFG, também deve formalizar em breve a parceria. “Isso é essencial para que o CEMPA busque recursos e apresente projetos.” Saulo de Freitas explica que esses passos são fundamentais para garantir a perenidade do trabalho.
"Um dos saltos que precisamos dar é oferecer uma condição de trabalho mais segura. O CEMPA funciona atualmente com bolsistas que possuem doutorado e pós-doutorado. Por mais que tenham boa vontade, podem sair a qualquer momento se conseguirem melhores oportunidades.” O laboratório também não possui uma sede física. Todas as ações são executadas virtualmente. Os computadores do CEMPA estão hospedados no Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho (LaMCAD) da UFG, que José Frederico irá conhecer ainda nesta semana.
Formalização da gestão amplia gama de produtos
A proposta de criação do CEMPA foi apresentada ao governador Ronaldo Caiado em fevereiro de 2020 que à época enalteceu a iniciativa pela possibilidade de unir academia, governo e entes privados em busca de soluções para o desenvolvimento sustentável. José Frederico, da SECTI, concorda. “É algo inédito. Goiás vai produzir ciência de ponta e olhando para um patrimônio nosso, que é o Cerrado”.
Com a formalização da gestão tripartite o CEMPA terá um amparo legal maior para buscar recursos e ampliar a gama de produtos que pretende oferecer. O laboratório foi idealizado para várias aplicações. Para o setor energético pode projetar o potencial eólico, hidrelétrico e solar; na área da saúde, fazer estudos de impacto de poluição ambiental; na meteorologia, prever eventos extremos e desastres naturais; na agricultura, determinar o regime de precipitação e carga de água no solo e índices bioclimáticos.
Um dos criadores dos modelos matemáticos utilizados pelo CEMPA, Saulo de Freitas foi um dos cientistas a frente do desenvolvimento do Modelo Climático Brasileiro, responsável pela previsão do tempo no Brasil. Na Nasa contribuiu para desenvolvimento de um modelo climático global e recebeu o prêmio "Award for Scientific Achievement" por seu trabalho no grupo de modelagem e assimilação de dados climáticos (GMAO) da agência espacial norte-americana.
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